sexta-feira, 12 de novembro de 2010

MEU NOME É ALICE E ESTOU LIMPA HÁ DUAS SEMANAS

Terminar um relacionamento é como fazer parte dos Alcoólicos Anônimos. Você sabe que fez bem em abandonar o álcool (ou seja, o cara), mas isso não quer dizer que vá se livrar da abstinência. E ela chega sorrateira, principalmente nas sextas de chuva quando rola uma mega vontade de pegar em certos grupos musculares. Aconteceu comigo hoje e eu estou aqui resistindo bravamente, tentando me concentrar em Private Practice enquanto penso nos oblíquos e nos olhos azuis dele. É que meu ex é mega gostoso, tem cara de homem e um abraço acolhedor. Mas se tudo o que me faz sentir falta dele são as características físicas, isso significa que eu realmente fiz muito bem em terminar. Mas para me ajudar nesse momento psicótico-sexual-me manda um email e diz que me ama, farei uma lista de porque jamais, nem por Jésus, volta pro mar oferenda, eu devo voltar para ele. Vamos lá:

- Ele tem mais de quarenta anos e mora com os pais
- Ele nunca falou que me ama
- Quando meu irmão morreu, ele sequer se ofereceu para ir ao enterro
- Ele namorou comigo quase dois anos e nunca fez questão de conhecer os meus pais (que moram na cidade ao lado)
- Ele não tem projeto de vida nem de carreira
- Não quer ter filhos (por enquanto nem eu, mas vai que eu mudo de ideia)
- Ele não lê. Só assiste a filmes e séries
- É fraco no sexo oral
- Finge que tem 20 anos e fala "baladinha"
- Esqueceu que os anos 1980 já passaram
- É  pão duro (não pagou nem a conta do jantar de um ano de aniversário)
- O dente da frente é meio torto
- Não tem bunda e o pouco que tem é cabeluda
- Rola uma língua presa de leve
- O pau dele podia ser uns 5 cm maior
- Tem o pior carro do universo e NÃO limpa
- Não saber lidar com conflitos
- Não tem paladar refinado (só gosta de comida de pedreiro)
- Não sabia o que era Nutella ou presunto cru antes de me conhecer

E eu vou parar por aqui apesar disso estar mais divertido do que Private Practice. Mas porque eu namorei ele mesmo???

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

EMAILS QUE MACHUCAM

Hoje recebi um email do meu ex. Ele disse que ambos erramos, que nosso relacionamento foi das coisas mais importantes da vida dele e que só se arrepende do que não vivemos. Eu sei que ter terminado foi uma atitude de respeito comigo e com ele, mas isso não me impede de ficar triste ao constatar mais uma vez o porquê de ter não ter conseguido continuar: o fato dele sempre aceitar tudo, de não saber lutar por nada. Ele é uma pessoa do bem, mas assemelha-se a uma mosca morta quando o quesito é atitude. Não sabe o que quer profissionalmente, não sabe lidar com conflitos, não controla as próprias emoções. E o pior: não se trata apesar de saber que tem impasses psicológicos sérios.

Também sei que não sou perfeita e que 50% da responsabilidade por ter acabado também é minha. Às vezes eu me pergunto porque  eu me relacionei com alguém tão "cru" como ele. Não acredito em acaso e escolhas aleatórias. Deve ter alguma razão pra eu ter escolhido alguém que nunca tinha namorado na vida apesar de seus quarenta anos. Talvez, no fundo, eu não quisesse me comprometer. Ou talvez eu tenha escolhido um desafio difícil demais para que não pudesse dar certo. Eu tento me analisar e é possível que exista mais de uma explicação para eu ter me envolvido com ele. O fato é que explicar e entender não faz muita  diferença no que vem pela frente. Doeu ter respondido o email de maneira fina e elegante, falando "Que bom, muito obrigada. Beijos". O que eu queria ter dito na verdade era: "Você é um bundão. Não venha me dizer que só se arrepende do que não fizemos porque nós não vivemos mais porque você não teve culhão o suficiente para saber lidar com conflitos e com as minhas fases difíceis. E eu cansei de olhar pra sua cara de bunda quando eu tentava melhorar o clima depois das brigas. E eu também cansei de você se comportar como se tivesse 20 anos. E de não saber expressar seus sentimentos. Detesto gente que tem postura derrotista, que não corre atrás, que não muda pra melhor. A impressão que eu tenho é que eu namorei um gay. Então,da próxima, tente namorar homens porque você mais parece uma menininha que nunca saiu da casa da mamãe".

Ufa, estou me sentindo até melhor depois de escrever isso aqui. O fato é que eu já tinha falado tudo isso, de modo educado e não educado, muitas vezes com ele. E ele nunca ouviu. Não seria agora então que ouviria. Preferi então ser educada, chorar no meu quarto, escrever o post e acreditar que estou me livrando de um fraco. Ao menos, ele me ensinou a trabalhar meus defeitos e, principalmente, a não admitir menos que um companheiro leal ao meu lado. Acho que vou tatuar "Onde os fracos não tem vez" em algum lugar. Pra ver se não coloco nunca mais um bebê travestido de homem na minha cama.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PREGUIÇA

Depois de quase dois anos namorando, confesso que estou com preguiça de sair com pretendentes (ainda que eu pretenda apenas o pau deles). Sábado, dia em que eu peguei o terrorista (do post anterior), conheci um jornalista bonito e, aparentemente, inteligente. Não ficamos porque tanto eu quanto ele estávamos acompanhados, mas rolou uma conversa com um "quê" de precisamos conversar mais. Combinamos de tomar um chopp essa semana, mas só de pensar em responder perguntas sobre a minha vida e na possibilidade de ouvir relatos bobos da dele, já começo a desistir do programa. Adoraria que fosse diferente, mas poucos homens me surpreendem. Sou do tipo de mulher que pergunta "se você pudesse ser qualquer pessoa por um dia, viva ou morta, quem você escolheria?" e "do que você mais se arrepende na vida?" mas, infelizmente, só ouço respostas com tentativas embutidas de me agradar. E o pior: raramente escuto alguma pergunta que me faça parar para pensar.

O fato é que as pessoas, em geral, estão pouco instigantes. Falando muito para agradar, vestindo a máscara do "eu sou interessante", tendo comportamentos fakes que me dão vontade de bocejar. Tenho vontade de propor um encontro completamente diferente para alguém. Sairíamos para jantar e, nessa primeira vez, não falaríamos absolutamente nada um com o outro. Apenas nos olharíamos, sorriríamos e descobriríamos como cada um lida com situações inusitadas. Não à toa, nascemos com dois ouvidos e uma boca. As palavras, infelizmente, quando vulgarizadas, escondem as pessoas em vez de revelá-las. Quem nunca quis se fazer de mulher "séria" para um homem e montou um discurso coerente para passar essa ideia? É vergonhoso, mas eu já fiz. Hoje em dia, porém, estou sem paciência para tentar impressionar ou ser impressionada. Eu quero que me perguntem o que eu nunca respondi, que me contem coisas que eu jamais imaginei ouvir. Porque essa proliferação de frases lugar-comum que eu ouço durante encontros, sempre me fazem escolher excelentes restaurantes. Pelo menos o prato nunca me decepciona.

domingo, 7 de novembro de 2010

SACO DE PANCADA

Ontem.
Conheci o Gabriel, uma mistura de árabe com indiano. Alto, sorriso claro. Um antropólogo de 27 anos que adora dançar. E nessas,da gente rebolando um com o outro, eu olhei para a cara dele e disse: Meu, você tem uma cara que dá vontade de bater. Ele:
- Então bate.
- Imagina, eu nem tenho intimidade com você. Práticas sadomasoquistas tem a ver com intimidade.
- Bate.
- Tá falando sério??
- Claro. Bate.
Dei um tapa na cara, de leve.
- Ah, que mulherzinha. É isso que você chama de bater?
- Putz, é difícil bater em alguém que eu não conheço.
- Bate com ódio.
- Mas eu não tenho ódio de vocêl.
- Homem é tudo igual, não presta. Então bate. Minha cara nem virou com o seu tapa.

Depois da conversa surreal, dei vários tapas bizarros no cara. E toda hora ele pedia mais. Quem estava ao redor, não parava de olhar e o segurança só estava esperando ele revidar pra entrar na história. Mas, em vez de revidar, o cara me pegava, me tirava do chão e me beijava depois de apanhar. É, tem homem que gosta.

sábado, 6 de novembro de 2010

REVIRAVOLTAS

Primeiro eu cansei do emprego. Ganhava bem, numa puta empresa grande, mas já não aguentava mais acordar todos os dias e escrever sobre a mesmíssima coisa. Encarar o mesmo refeitório, as mesmas pessoas, as mesmas conversas e o mesmo esquema de trabalho estava me deixando emocionalmente doente. A sensação era a de que eu estava presa no tempo e no espaço, escrava da rotina e do que as pessoas achavam melhor pra mim. Então, contra o usual bom senso de não abandonar um bom emprego, resolvi dar um solene tchau e me atirar na vida imprevisível e insegura de freelancer. Justamente porque eu acredito que, no fim das contas, a vida É mesmo imprevisível e insegura. E o que eu fiz até hoje foi me enganar em relação a isso. Agora tenho a sensação de que sou dona do meu tempo e patroa de mim mesma. Não faço a menor ideia se vai dar certo. Pode ser que eu fique pobre e infeliz, mas quer saber? Eu já estava infeliz. E não existe maior pobreza do que desperdiçar a vida com horas tristes e improdutivas.

Depois, eu larguei o namorado. Ele é lindo e boa pessoa, mas falta projeto de vida - algo que ou você tem ou você não tem. Nossas filosofias simplesmente não batiam e, durante um ano e meio, eu tentei incutir um pouco de ambição e planejamento na vida dele. Daí eu percebi que estava perdendo o meu tempo focando nisso, enquanto deveria focar na minha própria vida. Ele é feliz justamente do jeito que é e quem sou eu para tentar empurrar valores que só dizem respeito à minha história? As pessoas ou combinam ou não, simples assim. E eu também não faço a menor ideia se vai doer muito, se eu vou ter recaídas, enfim, não sei de nada. O que posso dizer é que AGORA eu estou tranquila. Praticando o desapego que os meus livros budistas ensinam.

Diante de tantas mudanças, eu deveria estar ansiosa mas, contraditoriamente, não estou. A ideia é dar um passo de cada vez, curtir o caminho e inventar a vida enquanto ela acontece. Por isso mesmo, vou sair hoje para ver uns bonitos, ouvir rock, jogar sinuca e tomar uns drinks. Vou colocar um vestido incrível, fazer uma maquiagem poderosa e sorrir para o destino para que ele me sorria de volta. Sou bonita, inteligente, culta e saudável. E isso basta para eu inventar o caminho que eu quiser.